"- Meu pai sabe fazer barquinhos de papel, meu pai sabe fazer aviões de papel, meu sabe sabe fazer até animais de papel
- Seu madruga, é verdade que o senhor sabe fazer muito bem papel de animal?"
A escola chapliniana perdeu um aluno notável.
Roberto Bolaños era um comediante completo. Reuniu em seu trabalho a contundência social de Chaplin, o pastelão de Jerry Lewis e a tiração de sarro, o comentário cínico, tão latinos...
Quando envelheceu, arrumou briga na justiça com seus ex-companheiros de cena, tornou-se um velho rabugento, como foi Chaplin outrora.
Morreu sem receber um Oscar, ou entrar para o cânone do audiovisual, que talvez nem quisesse, nem merecesse. Mas levou consigo o carinho tantas vezes reiterado de um continente inteiro de fãs e isso a morte não apaga.
Suponho que Bolaños chegou ao céu jovem e nu, como acho que todos nós chegaremos. Talvez São Pedro, que é quem recebe os outros no portão divino, pois detém a chave, perguntou, cínico, como faz a todos: "Quem é?" e Bolaños, que conhece essa retórica de longe, respondeu na lata: "Outro gato!".